A VIDA SECRETA DO TDAH ENTENDER PARA AJUDAR (PARTE 1/4)

por Fátima Sgarbi

O TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é uma alteração no funcionamento do cérebro, especialmente dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina.

A função básica dos neurotransmissores é transmitir informações entre as diferentes áreas neurológicas, regular as emoções e inibir impulsos como o de “querer fazer o que dá na cabeça”. Portanto, não é doença, preguiça ou malcriação.

O TDAH começa na infância e perdura por toda a vida. Com a maturidade e tratamento adequado, os sintomas vão minimizando e fica mais fácil conviver com as características próprias do transtorno. É conhecido em três padrões (subtipos) diferentes:

1. Predomínio da Desatenção: quando a criança/adolescente erra por descuido, perde objetos pessoais, não lembra de ordens simples, frequentemente esquece o que ia fazer, cansa muito ao fazer tarefas que exigem esforço mental contínuo, não mantém a concentração...

2. Predomínio da Impulsividade/Hiperatividade: quer falar o tempo todo, não consegue ouvir o outro e responde as perguntas antes que sejam concluídas, é barulhenta, agitada, impaciente, tem dificuldade de esperar sua vez...

3.Tipo combinado: quando ocorrem juntas as características da desatenção e da impulsividade.

O diagnóstico deve ser criterioso e feito por equipe multidisciplinar.

O TDAH deve ser diagnosticado por profissionais capacitados para compreender as particularidades de cada caso. Deve ser feito por psicólogos ou neuropsicólogos em conjunto com o neurologista ou psiquiatra. Embora os sintomas gerais sejam bem parecidos para a maioria das pessoas, há necessidade de um diagnóstico diferencial para evitar erros de avaliação e tratamento.

Explicando melhor, a criança com TDAH, tipo desatento, esquece facilmente as coisas, não assume compromissos e se descuida da própria rotina. No entanto, crianças e adolescentes que não tem compromisso consigo mesmo e com suas responsabilidades, que preferem ficar alheios ao que está acontecendo à sua volta porque é mais confortável e dá menos trabalho, não podem ser confundidas com Déficit de Atenção. Sintomas parecidos, com causas diferentes. Portanto, a orientação aos pais e a modalidade de tratamento seguirá uma abordagem diferente.

Acontece da mesma forma com o predomínio do tipo Hiperativo. Jovens agressivos, que não sabem ouvir, que querem se impor a todo custo, trapaceiam para ganhar...não podem ser confundidos com hiperativos. Em muitos casos, a falta de limites consistentes em casa gera problemas bem parecidos com hiperatividade, mas não é a mesma coisa e pede intervenção diferente.

Nos próximos artigos desta série, você vai encontrar um pouco mais sobre o mundo mental do TDAH. Como ele pensa, age e sente. Como expressa seus medos, alegrias, ideias e tendências!

Por Fátima Sgarbi - CRP 08/04114